António José de Sousa Manoel de Menezes Severim de Noronha, 7º conde de Vila Flor e, mais tarde, 1º duque daTerceira, é, talvez, a figura de maior destaque da segunda metade do século XIX em Portugal, nomeadamente no período que se seguiu ao fim da guerra civil (1828-1834) e ao início do reinado de D. Maria II.
Militar distinto, coube-lhe chefiar as forças liberais até que D. Pedro I, imperador do Brasil, abdicando no Rio de Janeiro, regressou à Europa como regente em nome de sua filha D. Maria II e assumiu pessoalmente esse comando na chegada aos Açores.
Mas é a entrada triunfal em Lisboa das tropas chefiadas pelo duque da Terceira no Verão de 1833 que melhor ilustra o próximo e inevitável fim da guerra que se concretizaria meses depois com a assinatura da convenção de Évora-Monte e a vitória definitiva das forças liberais. A estátua que lhe foi erigida está por isso mesmo localizada no Cais do Sodré, onde se inicia a avenida 24 de Julho que assinala aquela data.
Como político, o duque da Terceira chefiou e integrou diversos governos. E coube-lhe, além do mais, a honra de actuar como procurador dos príncipes Augusto de Leuchtenberg e Fernando de Saxe-Coburgo-Gotha (futuro D. Fernando II) nos sucessivos casamentos em Lisboa com a rainha D. Maria II tal como, mais tarde, desempenhou o mesmo papel como procurador do rei D. Pedro V no casamento, em Berlim, com a rainha D. Estefânia.
Por tudo isto, são naturalmente extensas e desenvolvidas as notas biográficas que lhe são dedicadas pelas obras de referência, sejam dicionários ou enciclopédias, sejam tratados ou compêndios de História. E todos, sem uma única excepção, erram numa questão crucial: a data do seu nascimento. De facto, em todas as fontes consultadas, é indicado o ano de 1792 para o seu nascimento quando é de facto a 18 de Março de 1793 (e não 1792) que vê a luz do dia em Lisboa, no palácio dos condes de Vila Flor hoje desaparecido, situado na rua do Cais de Santarém, em São João da Praça.
31 dezembro 2022