Reza a História que naquele local existiu uma fonte considerada santa e milagrosa por ter aparecido junto dela uma imagem da Virgem Maria. E logo ali se construiu uma ermida dedicada a Nossa Senhora dos Prazeres. A ermida deu nome a uma extensa quinta que, já no século XVI, serviu de refúgio a muitos enfermos das várias epidemias que então assolaram a cidade de Lisboa.
Era terra de hortas, vinhas e pomares e estava abrangida pela designação de Campolide, pertencendo à freguesia de Santos. No século XVIII (1741) criou-se a freguesia de Santa Isabel e aquele espaço foi aí integrado. Entre 1959 e 2013 pertenceu à freguesia homónima (Prazeres), que passou a integrar a nova freguesia da Estrela.
Nesses tempos mais antigos (séculos XVI, XVII e XVIII) foi aquele local procurado por alguns nobres para aí estabelecerem as suas quintas e casas de campo. Eram terrenos arejados, perto da Ribeira de Alcântara e com uma bela vista para o Tejo, como ainda hoje se pode admirar junto ao muro do lado poente do cemitério. Além disso, não ficava muito longe do Paço Real de Alcântara, tão do agrado do rei D. Pedro II (1648-1706).
Ali bem perto (na actual rua do Patrocínio) ficava o Convento da Boa Morte. Mas o convento acabou com a extinção das Ordens Religiosas (1834) e o edifício foi vendido a um particular.
Espaço de 12 hectares, cortado por inúmeras ruas ladeadas de enormes ciprestes, onde o silêncio e a tranquilidade imperam. O sossego convida à contemplação e todas aquelas construções nos falam do passado, das pessoas que as mandaram fazer, das que partiram para sempre, das que ficaram com a saudade. "A fé conserva unidos os que a Morte separa", pode ler-se numa lápide.
O Cemitério Ocidental de Lisboa foi aberto nos terrenos de uma quinta de que herdou o nome, Prazeres. Construído em 1833, na sequência de uma violenta epidemia de cólera morbus, destinava-se a terminar, finalmente, com os enterros nas igrejas, nas capelas ou em claustros de conventos, que comprometiam a saúde pública.
Por servir o lado ocidental de Lisboa onde estavam implantados os bairros das residências aristocráticas, logo desde os seus primeiros anos, o Cemitério dos Prazeres acabou por se tornar o cemitério das famílias dominantes da cidade, que com os seus gostos e meios materiais, acabam por dar uma certa monumentalidade ao cemitério. As construções imponentes que acabam por ocupar praticamente todo o espaço ajudam-nos a ter uma noção das ideias e gostos arquitectónicos, mas também das convicções e crenças que ficam bem evidentes na rica e variada simbologia que as ornamentam. Na capela do cemitério encontra-se a antiga sala de autópsias e desde 2001 o Núcleo Museológico, ligação entre o espaço monumental exterior e o seu interior, onde se pode observar o espólio composto por interessantes peças de época, provenientes de jazigos abandonados, ligadas ao culto da morte e da memória, tais como crucifixos, figuras de santos, candelabros, jarras, fotografias, entre muitos outros.